...desde 1880

06/08/2008

"Via Crucis"...


...de Franz Liszt,
foi um espectáculo que o Orfeon apresentou durante algum tempo sob a forma encenada,
fruto do trabalho artístico do Maestro Artur Pinho.

Foi apresentado pela primeira vez em Coimbra, na Igreja de S. José, em Março de 2003.


Padre João e o Presidente do Orfeon, Nuno Sequeira, nos agradecimentos finais do espectáculo.


Depois disso, várias foram as apresentações,
por exemplo, durante 2004, em Lamego...
(imagens gentilmente cedidas pela Orfeonsita Joana Lobo)


...e em Arouca...



(Alguém se recorda do ano em que estes dois espectáculos foram apresentados?)

05/08/2008

Uma "reportagem" em forma de livro...

..foi escrita por um dos Orfeonistas que viveu a Digressão a África no verão de 1949 - Dr. António de Almeida Santos.

Já lá vão quase 60 anos!
O Orfeon era masculino, a viagem foi de barco e durou 3 meses,...
o espírito Orfeónico, o que ainda hoje existe!

«(...) A propósito, é oportuno recordar uma história que nos foi relatada com graça nos escritórios da Companhia Colonial de Navegação. Como sempre, a presença da Academia de Coimbra lançou o pânico nos estremosos corações maternais.
O caso passou-se antes da nossa chegada.
Uma respeitável senhora, mãe carinhosa duma donzela igualmente respeitável, recém-casada por procuração com certo cavalheiro colonial e que preparava alvoraçada a sua viagem no "João Belo", que a transportaria aos braços amados - também por procuração das maternais considerações económicas - entrou nos escritórios da Companhia com um ar de irremediável fatalidade. Ao saber que no mesmo barco viajava o Orfeão Académico, o coração da pobre senhora perdeu o compasso numa angustiosa aflição. Talvez que ela tivesse, perdida na sombra do seu passado distante, uma história de amor que não contou ao marido. E a pobre senhora anteviu uma autêntica abordagem de piratas do amor ao coração naturalmente sugestionável da pobre menina. Daí aquela corrida ao Escritório a pedir por todos os santos que lhe arranjassem passagem noutro barco e salvassem a bela noiva do ultraje de uma viagem em companhia de tão perigosa "cambada". E a Companhia, sempre solicita, salvou "in extremis" a honra da bela dama, concedendo-lhe passagem no Colonial.
Deviam ser bem arrojados esses estudantes de mil e novecentos...
(...)» (in pág 31)

«(...)Uma a uma, vão aflorando as caras novas dos passageiros que viajam connosco. Passam agora duas morenas que merecem um pouco de circunspecção. Já se sabe que são casadas por procuração e vão ao encontro dos maridos (respectivos). (...) Há muitas cranças a bordo. Consequências: um barulho dos diabos e amas, criadas, damas de companhia... Ora se a algazarra se dispensa, a presença das ditas criadas, amas e damas, reveste um significado especial. Lá vêm elas muito metidas consigo, bem precavidas por um aviso a tempo: nada de confiança a esses estudantes! (...)
Nos corredores, onde as criadas passeiam a garotada, nota-se uma particular ternura pelas crianças. Não há dúvida de que a viagem está produzindo uma espécie de puerilização colectiva dos espíritos masculinos e revelando ao memso tempo verdadeiras inclinações criadoras. (...)
Mas... há coisas bem incompreensíveis: por que será que ninguém faz carinhos ao Joãozinho, que tem uma criada feia? (...)» (in pág 44 a 46)