...desde 1880

19/06/2008

Brasil...


...um sonho tornado realidade em Agosto de 1954!

"COIMBRA ABRAÇA O BRASIL

A Madeira, terra de encantos, acolheu em apoteose o Orfeão Académico de Coimbra
O sonho de uma viagem ao Brasil do Orfeão Académico de Coimbra, fora já o de muitas gerações de orfeonistas. E as maravilhas cantadas pelos velhos componentes da Tuna Académica, que, em 1925, fizeram uma viagem triunfal a terras de Santa Cruz, e pelos componentes do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, que mais recentemente lá estiveram, tornaram esse sonho mais cheio de colorido, de aspectos desejados, de tons irreais, transformando-o num sonho a que quase havia receio de se entregarem.
Mas, quando na tarde de 6 de Agosto, o «Santa Maria» começou a deslocar Tejo fora, as suas vinte e tantas toneladas, noventa capas negras, acenando da amurada, trraduziam a satisfação de quem via o sonho transformar-se realidade...
Depois, mal desaparecidos ainda ao longe os derradeiros contornos da costa portuguesa, foi o iniciar curioso da absorvente e intensa vida de bordo. Num navio como o «Santa Maria», autêntico hotel de luxo flutuante, honra da Marinha Mercante nacional, não se deparam aos passageiros dificuldades no modo como preencher o tempo. Para os estudantes componentes do Orfeão, que uma alegre camaradagem irmana, muito menos existem dificuldades dessa ordem. Os seus camarotes foram transformados em típicas «repúblicas» coimbrãs, onde a irreverência e a boa disposição se dão as mãos. E todas as situações que o permitem são cruelmente exploradas em graças que correm através do barco e são fixadas para a posteridade no jornal da parede do Orfeão, cujo título, «A Cabra», se inspira no simbólico sino, reprodução fiel do torre sineira da Universidade de Coimbra, e que vai a bordo, para numa oferta do Orfeão à Universidade de S. Paulo, ficar a traduzir como seu simbolismo, os laços que unem a Universidade portuguesa sua filha de Além-Atlântico.
A tarde de 7 pôs-nos sob as vistas maravilhadas os contornos escarpados de Porto Santo e da Madeira. E, à noite, com a honrosa presença do sr. ministro das Obras Públicas, o Orfeão, apresentado em palavras cintilantes pelo ilustre orador dr. Alberto Araújo, deputado da Nação, num espectáculo realizado no Teatro Municipal funchalense, conquistou mais um grande êxito.
O dia seguinte foi um crescendo de maravilhas a patentearem-se liberalmente à caravana dos orfeonistas, que, mercê de amabilidade, dum grupo de antigos académicos, deram uma volta de sonho à ilha.
Na Camacha onde lhes foi servido um almoço regional, o apreciado rancho folclórico daquela localidade, exibiu-se para os estudantes e os professores universitários que os acompanham, com típicas danças regionais, os característicos «bailinhos», cujas melodias se trauteavam ainda pelo convés quando o estendal de luzes do Funchal, espraiando-se pela encosta do monte sobranceiro, se foi diluindo no escuro da noite." [A. Garção Soares]


Esta foi uma das muitas crónicas que o Dr. Garção redigiu durante esta digressão e que foram publicadas nos jornais. Foi com uma compilação de recortes amarelecidos com o tempo, mas carinhosamente arquivados, que o Dr. Teófilo Seabra surpreendeu a memória deste autor..

Momentos únicos... com que nos honraram numa reunião informal que o Dr. Teófilo amavelmente proporcionou com a presença do Dr. Garção Soares e Dr. Cancela.

Porto, Jan.2007: Dr. Garção, Dr. Teófilo e Dr. Cancela

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